"Perdemos a juventude, menino, como no Eça,
e o menino sou eu, digo em voz alta enquanto passa este conjectural carro eléctrico.
Lá vai ele, Lisboa acima,
já não o apanhamos, menino;
deixa-o ir, continuemos o passeio a pé,
está uma bela manhã de sol.
Lá vai ele, Lisboa acima, já o perdemos, já não o apanhamos, ia para uma paragem que não era a tua, menino,
dizia «juventude»
como o outro diz «desejo»,
deixa-o ir, anda-se bem a pé, e há outros passageiros com destino à juventude.
Lá vai ele.
Sobe que sobe,
cidade acima. Acelerou agora.
Já dobrou a esquina.
Adeus".
Pedro Mexia, em Lei Seca
Palavras que podiam ser minhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário